O pequeno espaço adaptado ao lado da Igreja Evangélica Cristã, no Jardim Santana, abriga um grande sonho: despertar o gosto pelas artes em jovens e adolescentes. O projeto, que já tem dois anos, é conduzido gratuita e voluntariamente por dois artistas do bairro, Gáry J. Bryar e Eugenia-Maria Mendonça. Os jovens ainda não se interessaram, mas as aulas gratuitas aos sábados à tarde são frequentados por cinco moradoras do bairro.
A arte desenvolve e conforta, e Gáry sabe bem disso. Aos 76 anos, dos quais 52 ele dedicou ao pastorado, sobreviveu a um Acidente Vascular Cerebral (AVC) este ano e se licenciou para cuidar da saúde. Neste intervalo o gosto pelas artes, que estava ‘meio adormecido’ voltou com força total e ele se recupera retratando belas paisagens.
Esse trabalho poderá ser visto em novembro, na Academia Campinense de Letras, onde o artista expõe ‘As cores da Austrália’, uma coletânea de 30 quadros em novembro. A exposição retrata paisagens de sua terra natal, de onde ele acalma a saudade por meio de fotos e imagens de folhetos de turismo que reproduz em seus quadros. A mostra ficará exposta de 6 a 30/11 na ACL - R. Mal. Deodoro, 525 – Centro, de segunda a sexta das 8 às 16 h.
Um berço cultural
Nascido na Austrália, Gáry J. Bryar veio para o Brasil em 1965. No final dos anos 50 havia feito um curso técnico de desenho industrial onde, acredita, despertou o gosto pelas formas e cores. Na sua terra natal a cultura e as artes são muito incentivadas: “quase toda cidade tem acervos culturais públicos, galerias, somos estimulados a apreciar a criação artística”.
Autodidata como o pai (que gastava muito lápis desenhando cavalos), ele usa técnicas diferenciadas como nanquim, aquarela, acrílico e lápis. “A pintura a óleo eu não pratico porque o cheiro da tinta me faz mal”, explica.
Quando veio para o Brasil começou a pintar fazendas coloniais. Pegou o gosto de sentar ao ar livre para reproduzir quadros da natureza. “Deus fez a uma obra de arte sem igual criando as belezas naturais, que o homem tem estragado com sua poluição. Os quadros, de alguma forma, mantem essa bela natureza intacta e nos lembra da obra divina”, diz.
Novos espaços
O espaço na igreja foi adaptado para receber interessados em aprender um pouco sobre arte. O curso é gratuito, onde os alunos aprendem as noções de cores, misturas, princípios de desenho etc. Funciona aos sábados, das 14 às 16 h, gratuitamente. Na esquina das ruas Francisco Moretzshon com Luis Moretzshon Camargo, no bairro Jardim Santana. É só chegar! A Igreja Evangélica Cristã foi a primeira a se instalar no bairro, no ano de 1969.
O artista participa do “Movimento em tela”, uma iniciativa que reúne pintores do bairro para difundir as artes plásticas em espaços cotidianos da cidade. Em outubro, uma nova tela foi instala na Ótica Santana, que criou um pequeno espaço exclusivo para o movimento. A ideia é tornar a arte acessível a pessoas que não frequentam os acervos tradicionais, como galerias e museus. Assim, nos comércios do bairro, é possível admirar os quadros ‘itinerantes’ dos artistas locais.
Gáry mostra quadro que pintou sentado à beira do riacho, em Campos do Jordão
