Campinas, 29 de Março de 2024
VIMOS O CHORO DA SERINGUEIRA NOVAMENTE - Editorial JAT 103
25/11/2016
Notícia publicada na edição n.103 do Jornal Alto Taquaral
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    Vimos o choro da seringueira I

“E como chorou copiosamente a  velha seringueira naquela tarde de  sexta-feira, quando as lâminas das motosserras varavam suas entranhas sem dó nenhum.
Embuidos da obrigação de empregados (a serviço da Rotas das Bandeiras), os homens que faziam os cortes mais se importavam com o grude da seiva nas mãos, quase sem tempo para vê-la escorrendo como lágrimas de cada fenda da serra.
A grandiosa estrutura que levou mais de cem anos para se por de pé não demorou mais que três dias para sucumbir à sanha do progresso.
No lugar da sombra imensa que produzia com sua copa altaneira vai passar asfalto para levar carros pra lá e pra cá matando gente e árvores.
Quando vimos aqueles homens com suas máquinas poderosas em punho só nos restou mesmo fazer o que mandava o nosso ofício. Focamos as lágrimas brancas da seiva da seringueira e clicamos várias vezes. Já que não podia evitar a sanha poderosa do desenvolvimento, registrei a dor daquele ser que, mesmo apesar de imenso, não resitiu aos golpes.
Decepados um a um seus galhos foram caindo para serem enfileirados, à beira da estrada, do mesmo jeito que enfileiram seres humanos mortos nas tragédias rodoviárias deste Brasil afora.
Mas como diz o ditado, ‘não adianta chorar o leite derramado’.
E como derramou leite aquela seringueira ali na nossa frente.
Adeus seringueira! Vamos sentir sua falta”.

Vimos o choro da seringueira II

O Editorial acima é da edição 0061 do Jornal de maio de 2013, quando Rota da Bandeiras derrubou a serigueira na D. Pedro, mas cabe  aqui, nesta edição, quando homens do Departamento de Parques e Jardins da Prefeitura, também acatando ordens superiores supostamente embasadas em conceitos técnicos, motosseraram duas outras seringueiras na Rua Soldado Percilio Neto, em frente ao número 567, noTaquaral. Mesmo diante de todas as explicações plausíveis, não há quem não sinta ao ver o leite da seiva de uma árvore sendo derramado.
Por isso estamos tristes novamente.

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