Campinas, 19 de Abril de 2024
VIDA DE GADO, POVO MARCADO - editorial JAT 102
28/10/2016
Notícia publicada na edição n.102 do Jornal Alto Taquaral
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É  um princípio de segurança universal: fechar a porta.Simples e eficaz, impede situações desagradáveis, pequenas e grandes

 Por isso, ninguém sai de casa sem antes checar se a porta foi fechada. Nenhum avião levanta voo com a porta aberta. Nenhum metrô sai da estação com porta aberta. E os automóveis modernos nem acionam o motor se a porta não estiver devidamente trancada. Tudo isto por princípio de segurança.

Aqui em Campinas, porém, este princípio é literalmente ignorado pelos responsáveis do tranporte coletivo. Dotada de veículos ultrapassados e praticamente sem manutenção, a frota campineira com  mais de 1.200 ônibus corre solta pelas ruas transportando gente como gado e matando gente como gado.

Há um ano, morreu atropelado por um ônibus da Linha 1.16 que trafegava pela contramão  na Rua Padre Manoel Bernardes,  o aposentado Osvaldo Garbo, de 80 anos. Até hoje o caso dormita nas prateleiras da justiça.

Neste mês, outra morte de idoso: Benedicta Aparecida Ferreira de Carvalho, 81 anos, de Valinhos. Foi no dia 04, terça feira, em plena avenida Heitor Penteado, entorno da Lagoa, onde a velocidade permitida é 50 km/h. Mas nem isto a torna menos perigosa. A senhora subiu no ônibus da Linha 1.71 (triste ironia 171) tocado pelo motorista despreparado com a porta aberta. Desequilibrada, ela foi lançada para fora e acabou morrendo com a cabeça sob a roda do pesado veículo.

Novamente a porta e  novamente o princípio universal de segurança. Mas que adianta, se o veículo não é dotado de dispositivo que impeça sua partida enquanto a porta não está travada? E, mais ainda, se os motoristas não são competentes na condução de um veículo ultrapassado e malservado e esquecem de fechar as portas antes de por o mastrodonte em movimento.

Campinas dos modernos centros de tecnologia ainda conduz sua gente como se transporta gado em ônibus com dispositivo para leitura de cartão de pagamento da tarifa mas sem dispositivo que trave as portas antes da partida.

Assim, transportado como gado, o povo campineiro morre, também como gado, nas linhas do transporte coletivo.


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